Hans Staden, um alemão que fora aprisionado pelos tupinambás no litoral fluminense, em 1554, depois de ter voltado para casa, escreveu, provavelmente, um dos primeiros best-seller sobre o Novo Mundo. Sua narrativa, tantas vezes editada entre nós, não só teve agora uma bem ilustrada nova impressão, como serviu de roteiro para um filme que ora ganha cartaz no Brasil inteiro.
Staden cai prisioneiro dos tupinambás A captura: imaginem ser capturado no Brasil do século 16 por um aborígine chamado Nhaepepô-açu ,"Panela Grande", e, pior ainda, ser dado em seguida de presente a um outro, de nome Ipirú-guaçu, o "Tubarão grande"! Nada de esperançoso, pois, aguardava o pobre Hanz Staden, um alemão do Hesse que, embarcado para cá, caíra aprisionado pelos tupinambás, no ano de 1554.
Não satisfeitos em ameaçar devorá-lo a qualquer instante, os seus captores, depois de terem-no levado para a aldeia deles em Ubatuba, arrastavam-no para que presenciasse as cerimônias antropofágicas que realizavam. Certa vez, carregaram-no até a aldeia de Tiquaripe, perto de Angra dos Reis, para ver um dos seus inimigos ter a cabeça esmagada pelo ibirapema, o tacape de execuções. Logo em seguida, assistiu os restos do bravo serem rapidamente deglutidos pela tribo inteira, embriagada previamente com licor de raízes de abatí.
Um livro incrível
Staden, que miraculosamente retornou ao Hesse, registrou seus tormentos de prisioneiro dos nativos num livro maravilhoso para ler: Viagens e aventuras no Brasil(Wahrhaftige Historia, editado em Marburg em 1557). Porém, ele não foi o primeiro alemão a pôr os pés no Brasil. Houve ainda um outro, um tal de Ulrich Schmidel, um lansquenete que, em 1540, com um grupo de aventureiros a serviço dos espanhóis, embrenhou-se inutilmente na Amazônia, atrás da lendária tribo de mulheres guerreiras (façanha contada na História verdadeira de uma viagem curiosa feita por Ulrico Shmidel, editada em Frankfurt, em 1567).
Título: "Warhaftig Historia und beschreibung eyner Landtschafft der Wilden/Nacketen/Grimmigen Menschfresser Leuthen/in der Newenwelt America gelegen/vor und nach Christi geburt im Land zu Hessen unbekant/biss vff dise ij./ nechjt vergangene jar/Da sie Hans Staden von Homberg auss Hessen durch sein eygne erfarung erkant/ vnd yetzo durch den truck an tag gibr. [sic] Dedicirt dem Durchleuchtigen Hochgebornen herrn/ H. Philipsen Landtgraff zu Hessen/Graff zu Catzenelnbogen/Dietz/Ziegenhain vnd Nidda/seinem G.H. Mit eyner vorrede D. Joh. Dryandri/genant Eychman/ Ordinarij Professoris Medici zu Marpurgk. Inhalt des Bhchline volget nach den Vorreden" Imprenta: Andreas Kolbe, Marpurg, 1557
Hans Staden was a German soldier who sailed to Brazil twice on Portuguese ships. Staden's second voyage to the New World in 1549 proved disasterous, with all three ships being wrecked. Staden then served as a gunnery instructor in a coastal Portuguese fort before being captured by Tupinamba warriors in 1552, who assumed he was Portuguese. During his captivity, he observed many aspects of this now extinct culture which he soon recorded in a book entitled Hans Staden: The True History of his Captivity. This two-part narrative on his confinement and Tupinamba captors was published in 1557 after his return to Europe. It became an immediate best-seller and was reprinted several times with translations in Dutch, Latin, and French.